Criolipólise – Hiperplasia Adiposa Paradoxal: O Risco Oculto desse Procedimento Estético
24 de março de 2025
A criolipólise tem sido amplamente promovida como um tratamento revolucionário para a eliminação de gordura localizada sem necessidade de cirurgia. Utilizando temperaturas extremamente baixas, o procedimento promete destruir as células de gordura através do congelamento, levando o organismo a eliminá-las naturalmente ao longo do tempo. No entanto, relatos crescentes de complicações levantam dúvidas sobre sua real segurança.
Uma das consequências mais alarmantes da criolipólise é a hiperplasia adiposa paradoxal (HAP), um efeito colateral raro, porém grave, no qual, ao invés de reduzir, a gordura na região tratada aumenta de forma anormal. Para pacientes que buscam um contorno corporal mais definido, esse resultado pode ser devastador e exigir correção cirúrgica.
Diante do crescimento desse problema, é essencial entender os riscos envolvidos antes de optar pela criolipólise. Neste artigo, investigamos as causas, os fatores de risco e as alternativas para minimizar complicações. Continue lendo para tomar uma decisão mais informada sobre esse procedimento.
O que é Hiperplasia Adiposa Paradoxal (HAP)?
A hiperplasia adiposa paradoxal (HAP) é um efeito colateral inesperado da criolipólise. Ao contrário da promessa de redução de gordura, alguns pacientes experimentam um aumento anormal e persistente da gordura na área tratada. Esse fenômeno ocorre porque os adipócitos (células de gordura) podem, paradoxalmente, se multiplicar e endurecer após a exposição ao frio, ao invés de serem eliminados.
O problema não é apenas estético. A HAP pode criar protuberâncias volumosas e endurecidas, visíveis sob a pele e resistentes à perda de peso convencional. Em muitos casos, a única solução para reverter essa condição é um procedimento cirúrgico corretivo, como a lipoaspiração.
Embora a indústria estética tente minimizar essa complicação, evidências indicam que a HAP está se tornando mais comum do que se pensava. Um estudo da American Society of Plastic Surgeons, aponta que a incidência pode variar de 1 em cada 138 pacientes a números ainda maiores, dependendo da tecnologia e da qualificação do profissional que realiza o procedimento.
Por que a HAP acontece? As causas ainda são um mistério
As razões exatas para o desenvolvimento da HAP ainda não são completamente compreendidas, mas especialistas apontam alguns fatores que podem contribuir para esse efeito colateral:
- Qualidade do equipamento e técnica utilizada – Dispositivos de criolipólise de qualidade inferior podem não atingir temperaturas ideais, causando um estresse celular que estimula o crescimento dos adipócitos, ao invés de destruí-los.
- Fatores genéticos e biológicos – Algumas pessoas podem ter células de gordura mais resistentes ao frio, reagindo de maneira inesperada ao procedimento.
- Número de sessões anteriores – Pacientes que já realizaram criolipólise antes podem desenvolver uma resistência maior, aumentando as chances de HAP.
- Processo inflamatório inadequado – A eliminação da gordura ocorre por meio de uma inflamação controlada, mas se essa resposta for atípica, pode resultar no crescimento de tecido adiposo ao invés da destruição esperada.
Esse desconhecimento sobre as causas exatas da HAP é um fator preocupante, pois torna difícil prever quem está mais suscetível ao problema.
Os sintomas da HAP e como identificá-la
Diferente de efeitos colaterais temporários como inchaço ou vermelhidão, a hiperplasia adiposa paradoxal pode levar meses para se tornar visível. Os primeiros sinais costumam aparecer entre um e seis meses após a criolipólise.
Os principais sintomas incluem:
- Aumento inesperado da gordura na região tratada, ao invés da redução esperada.
- Região mais dura e fibrosa ao toque, diferente da consistência normal da gordura.
- Formato bem definido da área afetada, geralmente refletindo o design do aplicador da criolipólise.
- Nenhuma melhora com dieta ou exercícios, tornando a reversão natural impossível.
Por conta dessa progressão lenta, muitos pacientes só percebem o problema tardiamente, quando a condição já está estabelecida.
Prevenção e segurança: A criolipólise pode ser feita sem riscos?
Apesar da criolipólise ser amplamente divulgada como segura, a falta de regulamentação rígida e a variabilidade na qualidade dos equipamentos tornam difícil garantir que um paciente esteja completamente protegido contra complicações como a HAP.
Para quem ainda considera fazer o procedimento, algumas medidas podem reduzir o risco, mas não eliminá-lo completamente:
- Escolha clínicas que utilizam aparelhos aprovados por órgãos reguladores, como a Anvisa e o FDA.
- Busque profissionais qualificados, de preferência médicos ou especialistas com experiência em criolipólise.
- Pergunte sobre a incidência de HAP na clínica e se há relatos de casos anteriores.
- Evite sessões repetidas em curto intervalo de tempo, já que isso pode aumentar a resistência dos adipócitos.
Ainda assim, é importante entender que nenhuma dessas precauções oferece garantia absoluta de que a HAP não ocorrerá.
Tratamento: Existe solução para a HAP?
Infelizmente, a hiperplasia adiposa paradoxal não regride sozinha. Pacientes afetados geralmente precisam recorrer a procedimentos corretivos, como:
- Lipoaspiração tradicional ou a laser, para remover a gordura aumentada.
- Abdominoplastia (em casos mais graves), quando há grande excesso de tecido.
- Injeções de enzimas lipolíticas, ainda pouco estudadas para esse problema específico.
O custo desses tratamentos pode ser bem mais alto do que a criolipólise inicial, tornando a reversão da HAP um processo desafiador e frustrante para os pacientes.
Conclusão
A criolipólise pode parecer uma alternativa simples para eliminar gordura localizada, mas os riscos associados – especialmente a hiperplasia adiposa paradoxal – são frequentemente subestimados. O crescimento anormal da gordura na área tratada não apenas frustra os resultados esperados, como pode exigir procedimentos cirúrgicos para correção.
Se você está considerando a criolipólise, é essencial pesquisar cuidadosamente sobre os riscos e entender que os efeitos colaterais podem ser irreversíveis. Antes de decidir, consulte profissionais qualificados e avalie todas as opções disponíveis para garantir sua segurança.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. A HAP pode ser evitada completamente?
Não há garantia absoluta, mas escolher profissionais qualificados e equipamentos aprovados pode reduzir o risco.
2. Qual a taxa de incidência da HAP?
Estudos indicam que pode afetar até 1 em cada 138 pacientes, mas os números podem ser ainda maiores.
3. Como saber se desenvolvi HAP?
Se a gordura na área tratada aumentou e endureceu após meses, é um sinal forte de HAP.
4. A HAP some com dieta e exercícios?
Não, a gordura da HAP geralmente não responde a métodos tradicionais de emagrecimento.
5. Criolipólise é realmente segura?
Embora seja considerada segura, os riscos como a HAP mostram que o procedimento não é isento de complicações.
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