A lipoaspiração é uma das cirurgias estéticas mais realizadas no mundo. Sua finalidade é a melhora do contorno corporal por meio da remoção de gordura localizada, difícil de ser eliminada somente com dietas ou exercícios físicos. A lipoaspiração não é indicada para a perda de peso ou o tratamento da obesidade. A manutenção de um bom resultado é alcançada com práticas contínuas de atividade física e uma dieta saudável. Infelizmente a maioria das pessoas quer ter um corpo mais atraente e perfeito, mas nem todos se dispõem a mudar seus hábitos de vida. Veja abaixo que a falta de hábitos saudáveis pode trazer alguns problemas pós cirurgia.
Entretanto, o tecido adiposo é metabolicamente ativo e sua súbita remoção pode desencadear importantes consequências. Um novo estudo revela que a remoção de gordura abdominal, mesmo pequena, parece estimular uma atividade compensatória do organismo, uma espécie de efeito rebote. Esse estudo também sugere que medidas podem ser tomadas para contornar essa situação.
Um grupo de pesquisadores brasileiros constatou que após a lipoaspiração ocorre uma aparente compensação entre dois tipos de gordura existentes no organismo. Benatti et al observaram que a retirada da gordura subcutânea (gordura localizada abaixo da pele) estimulou o crescimento da gordura visceral (gordura localizada ao redor dos órgãos internos). Este fato pode ser preocupante, pois, de acordo com estudos já consagrados, o aumento da gordura visceral está fortemente ligado ao maior risco de desenvolver diabetes e doenças cardíacas, como o infarto.
Felizmente, a mesma equipe de pesquisadores também observou que, após um período de 4 meses, um grupo pacientes submetidos a lipoaspiração, mas que seguiram um programa supervisionado de exercícios físicos após a cirurgia, não desenvolveram aumento da gordura visceral. O programa de exercícios também proporcionou outras vantagens, tais como: aumento da massa magra, melhora da capacidade física e aumento da sensibilidade à insulina.
Benatti et al detalharam esses achados na edição de julho de 2012 do Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism. Os autores realizaram um estudo científico envolvendo 36 mulheres brasileiras, saudáveis, com idades entre 20 e 35 anos, submetidas a lipoaspiração abdominal entre 2010 e 2011, em São Paulo.
Antes do procedimento, nenhuma paciente tinha um índice de massa corporal (IMC, peso/altura2) acima de 30, ou seja, não eram obesas. Todas foram submetidas à remoção de quantidades semelhantes de gordura durante a cirurgia e, em cada uma delas, o volume aspirado de gordura não foi grande. No período pós-operatório, também não houve diferenças significativas com relação à dieta adotada.
Com 2 meses de pós-operatório, as mulheres foram divididas em dois grupos, com 18 pacientes cada. O primeiro grupo ingressou em um regime supervisionado de exercícios físicos, 3 vezes por semana, durante 4 meses, incluindo musculação e exercícios aeróbicos. Já o segundo grupo continuou mantendo um estilo de vida sedentário.
Seis meses após a lipoaspiração, não houve recuperação da gordura na parede abdominal em nenhum grupo e o procedimento foi considerado como “cosmeticamente eficiente” em todos as pacientes operadas. Entretanto, as pacientes do grupo sedentário tiveram um aumento de cerca de 10% da gordura visceral, o que equivale a uma significativa recuperação da massa total de gordura. Em contraste, as pacientes do grupo submetido a exercícios físicos não sofreram tal alteração.
Para a equipe de Benatti, ainda não está claro como a lipoaspiração aumenta o risco de crescimento da gordura visceral. Por outro lado, comprovou-se que a prática de exercícios físicos é de extrema importância para a preservação dos efeitos da lipoaspiração na composição corporal, prevenção contra o crescimento compensatório de gordura na cavidade abdominal e atenuação de seus possíveis efeitos deletérios no metabolismo em longo prazo. Dessa forma, sabendo que uma cirurgia plástica de lipoaspiração envolve gastos financeiros e não está livre de riscos, pacientes que irão se submeter a esse procedimento deveriam sempre ser conscientizados por seus médicos sobre a necessidade concomitante de uma mudança no estilo de vida, como a introdução da prática de exercícios físicos rotineiros.
Você já conhecia o efeito rebote? Viu que apesar de ser um problema grave, ele pode ser contornado com algumas medidas bem saudáveis? Diga o que você achou deste artigo nos comentários. Queremos saber sua opinião.
Referência bibliográfica
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